Saturday, October 09, 2004

Escrito no bolso *

(Os dias são estados de espírito que, em certos dias, ficam escritos nos bolsos.)

Concederam-me dez minutos dedicados a rever o passado e, entre umas doces colheradas brancas, lá me enganava, impressão digital sobre impressão digital.
Visto um cor-de-rosa tão castanho...
E sorriem, e pedem: «Menina! Menina! Bom dia! Não leve a mal: posso falar consigo?!». Nem com os olhos falo; acena-se a mão e digo (que) Não!
Soube de um; soube de outro... perdi-me de mim. Há sentimentos bem mais corrosivos que o próprio mel.
No final, pensei que mais valia ter pedido palhinha. Seria-se líquido e de digestão bem mais fácil.
Agora, absorvo tudo, tudo, e percebo a preocupação. Porém, acreditem: realmente, estou interessada... agora, fora de horas, à consciência de uma subestimação qualquer.
Passa a doença fisicamente limitativa por mim e eu, sem nada disso, inerte de pernas no peito.
Uma criança revolta-se no banco, em assentos de ferro preto, e Agita-me, Agita-me!! Sente-se o vibrar das suas mãos, dos seus encontrões e dos seus pulos na quase centena de traves pretas de ferro que me sustenta. Passeia-se à minha frente, exibe-se ao meu lado... E, ao que aparento, permaneço egoísta numa escrita entre passos consumistas às rédeas de uma política do capital.
Passei pelo homem que passou por mim. Agora, à entrada (saída?!!), lia.
Lia-se EMPURRE e, lá num consumo de xis ATP's, ergui o braço. Estou cá fora.
Pensam que os abordarei para o preenchimento de um qualquer inquérito.
(Todavia, de facto, à luz de dois dias a mais, concluo que é para isso que cá estou.)

* 4 de Outubro de 2004

0 Comments:

Post a Comment

<< Home